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As vacas no período periparto são o segundo grupo mais importante das fazendas leiteiras, só perdem para as vacas em lactação. Muitos produtores não sabem, mas durante este período, que vai do mês antoerior até o primeiro mês após o parto, as necessidades nutricionais da vaca são muito grandes e a alimentação que elas recebem neste período pode determinar a quantidade de leite que vão produzir durante toda a lactação. Uma vaca bem cuidada e que recebe dieta especial durante o periparto pode produzir até 1.500 litros de leite a mais do que uma vaca que tenha se alimentado normalmente. O problema é que a maioria das vacas de alta produção leiteira tem hipocalcemia subclínica no periparto, o que faz com que ela produza menos leite durante a lactação. Para evitar que as vacas não sofram com a hipocalcemia, os produtores precisam dar o melhor alimento e acrescentar sais amiônicos na dieta delas.
— O período periparto hoje é o principal desafio para as propriedades leiteiras de alta produção. É quando a vaca está extremamente sensível, ela não consegue comer o que precisa, está imunologicamente debilitada e os avanços tecnológicos consistem na melhora da nutrição destes animais com estratégias de nutrição antes e após o parto. Antes do parto, o principal avanço que nós temos disponível hoje são as dietas amiônicas, que são dietas para serem utilizadas somente um mês antes do parto. O objetivo dessa dieta é evitar a hipocalcemia subclínica. Praticamente toda vaca de alta produção tem esse problema no período periparto — explica Rodrigo de Souza Costa, gerente técnico da Tortuga e um dos palestrantes da Ma Shou Tao Pecuária 2010, que acontece no município de Conquista, em Minas Gerais, nos dias 9 e 10 de junho.
A hipocalcemia subclínica faz com que a vaca consuma menos alimentos, com isso ela vai mobilizar mais gordura, provocar uma disfunção metabólica, diminuir o seu peso e, com isso, produzir menos leite na fase de pico, que é a mais importante. Cada litro produzido durante a fase de pico significa que ela vai ter cerca de 200 a 250 litros durante toda a lactação. O que a dieta a base de sais amiônicos faz é impedir a hipocalcemia e garantir cinco litros de leite a mais durante a fase de pico, ou seja, até 1.500 litros durante a lactação. Além de reduzir a produção, a hipocalcemia também atrapalha a reprodução. Uma vaca com este problema fica muito debilitada, não come o que precisa e acaba perdendo muito peso. Dessa forma, ela demora mais tempo para voltar ao cio e para entrar em um cio fértil, com prenhez.
— Mesmo se a gente der o melhor alimento para ela, a gente não vai conseguir atingir as necessidades nutricionais dessa vaca, então ela vai acabar perdendo peso. Por isso, nós temos que dar para ela os melhores ingredientes e, associado a isso, a gente coloca uma suplementação mineral específica para essa fase que são os sais amiônicos. Mas estes sais sozinhos não fazem milagre, precisam estar associados a uma dieta bem balanceada e, como essa vaca está muito suscetível imunologicamente, ela precisa estar em uma situação de conforto. Ela tem que ficar em um piquete sombreado, com espaço para que ela possa andar, com espaço para que ela não precise disputar alimento com outras vacas. Além dos sais amiônicos, o produtor precisa prover a essa vaca todo o conforto que é adequado nesse momento — alerta Rodrigo.
O que os sais amiônicos fazem é mobilizar cálcio dos ossos nesta fase. Eles garantem cálcio para a vaca nesta época complicada para o metabolismo do animal. O que ela estaria perdendo de cálcio pelo esforço que está fazendo e pelo que está sendo sugado pelo feto dentro da vaca é compensado pelos sais amiônicos, evitando a hipocalcemia subclínica. Além disso, essa dieta diferenciada vai promover uma melhor recuperação no pós-parto. A vaca vai comer melhor, não vai ter retenção de placenta que poderia levar a uma infecção e prejudicar a produção de leite. Por isso, os especialistas modernos chamam a atenção dos produtores e dizem que estas vacas precisam dos melhores cuidados que o produtor puder oferecer, por estarem em um período muito crítico e frágil que pode comprometer toda a produção.
— Uma coisa muito interessante nesse sentido é que nós temos que tratar a vaca no pré-parto como se ela tivesse em lactação. Muitos produtores colocam ela no pior lote, dão pra ela o pior alimento que está na fazenda e ela é uma vaca extremamente exigente porque ela está com um feto em crescimento exponencial praticamente levando todos os nutrientes que essa vaca ingere e, por ter um animal comprimindo o intestino dela, ela não dá conta de comer o que precisa e chega ao que a gente chama de balança energética negativa. O grupo de animais mais importante da fazenda são os animais em lactação, porque é o grupo responsável por toda a receita da propriedade. Em seguida, a gente pode colocar que o grupo pré-parto é o mais importante. O que eu vou falar para os produtores na minha palestra é 'cuidem bem das suas vacas no pré-parto porque elas vão retribuir muito bem durante a lactação' — ressalta.
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